A importância da primeira pesquisa de opinião realizada nas favelas do Rio pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, a pedido da Central Única das Favelas (Cufa), se deu pela possibilidade de os moradores das comunidades serem ouvidos, sem a representação de outros, segundo o coordenador da Cufa, Celso Athayde. Para ele, o grande desafio e a prioridade, a partir desses resultados, é fazer uma intervenção específica em alguns temas para que sejam desenvolvidas políticas públicas voltadas para essas comunidades, baseadas em dados mais precisos.De acordo com ele, a pesquisa foi a primeira dentro de comunidades. Athayde afirmou que nunca foi possível ouvir a real opinião dos moderadores a respeito de suas condições, pois os temas eram normalmente abordados por antropólogos e sociólogos, por exemplo.“É importante fazer essa intervenção especifica. Quando se fala em política pública para esse tipo de espaço físico, me parece que é sempre na base da impressão. Então, eu gostaria que fôssemos mais específicos para criarmos ações reais, baseadas em fatos, não em especulações, como vem ocorrendo. Nós somos interlocutores naturais entre essas comunidades e o poder público, mas também cobramos do outro lado outros interlocutores”, declarou o coordenador, em entrevista a Sidney Rezende, no CBN-Rio.No entanto, segundo Athayde, as medidas já adotadas não têm sido suficientes para suprir as demandas das comunidades. Ele disse não acreditar em uma revolução, inclusive de comportamento, sem que as pessoas tomem para si a necessidade de mudar a situação, reiterando que o objetivo da Cufa é estimular a consciência dos moradores para tentar organizar o discurso dessa população.“Parte dessa pesquisa aponta para essa direção. Até que ponto vai a obrigação do poder público e a necessidade de você transformar o espaço físico que ocupa? Acredito que essa integração, interação, que ‘pregamos’ é para que a comunidade faça uma reflexão, e esses dados ajudam a fazer isso, quebrando alguns mitos, criando a sua própria opinião sobre esses temas”, completou.O coordenador da Cufa disse ainda que o próximo projeto é a realização de um fórum com a presença de grandes centros, como a Cidade de Deus e o Complexo do Alemão, por exemplo. A expectativa é de uma união com o governo federal, através do Ministério da Justiça, para concluir uma grande pesquisa nessas regiões, preparando melhor as “lideranças” das comunidades e capacitando a sua população, para que seja desenvolvida uma política de desenvolvimento social.Os dados obtidos pela pesquisa revelam que boa parte dos moradores já não se sente radicalmente inferiorizada em relação ao restante da cidade. Entre os 1.074 entrevistados, 36% acham que aqueles que vivem na favela têm rendimentos iguais aos dos outros habitantes do Rio e 57%, que ganham menos. Além disso, a maioria, 98%, afirma viver em comunidades com rede elétrica; 97%, água encanada (97%); e 94%, esgotamento sanitário. Do total, 77% disseram ter ruas asfaltadas e imóveis próprios e 46% têm acesso a computador.
http://www.sidneyrezende.com/sec_rio_view.php?id=7314
A Uerj em recesso.
Há 11 anos
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